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quinta-feira, 15 de abril de 2010
quarta-feira, 14 de abril de 2010
Entrevista com Nina Fideles
Ela é jornalista, tem um Blog (www.ninafideles.blogspot.com), é assessora do grupo de RAP "A Família", além de colunista desse blog entre outras coisas.
Nessa entrevista exclusiva, vamos saber um pouco mais dessa guerreira que nasceu no Recife, cresceu em Brasília-DF e hoje vive em São Paulo
Por: Alessandro Buzo
Nina Fideles
Foto: Sérgio Vaz
Buzo: Quem é a Nina Fideles ?
Eu? Sou Nina Fideles, jornalista e fotográfa. Viajo no Brasil com os olhos de minhas lentes, captando imagens, registrando momentos, descobrindo o que há pra ser descoberto. Leio, e viajo mais ainda. Assisto, procuro... Não me escondo, entendo e agora me exponho... Exponho meu olhar sobre aquilo que descubro e por sua vez eu indico a vocês. Sou Nina Fideles. Prazer.
Buzo: Fale mais de vc?
Nina Fideles: Gosto de fazer mil coisas ao mesmo tempo. O que é muito ruim às vezes, pois me perco em meio à minhas idéias. Mas observar o mundo me motiva à ter ainda mais idéias e práticas. Todos nós fazemos a nossa leitura do mundo, mas poucos se apropriam desta leitura para traçar seus objetivos. Para mim, este é um desafio permanente. E acho importante sempre me perguntar o propósito disso tudo, o meu propósito.
O que é literatura pra você ?
A palavra é inerente à todo ser humano. Literatura é ordenar essas palavras, mas só que escritas, o que já exclui muita gente que não sabe ler nem escrever. Uma pena que as palavras escritas não sejam acessíveis por tod@s. E acredito que na escrita, cada um vai ter seu jeito, sua estética. Não podem existir padrões, mas para mim devem passar sentimento, textura, cor, cheiro... Sempre vale conhecer melhor as palavras, principalmente o que a gente pode fazer com elas. É mágico!
Porque virou colunista desse blog ?
Ah! Fui convidada né?! Kkk. Mas de verdade, é importante tomar os cantos da net, somar em empreitadas, realizar parcerias... Somando!
O que você faz no dia a dia ?
Me perco em minhas idéias! Não, brincadeira. Na verdade tento me achar nelas e é claro, concretizá-las. Minha busca maior é concretizar as idéias, minhas e de quem cola comigo nos trampos. E gosto de ter meu tempo livre. Acho importante que todos tenhamos um tempo livre. Ele também é super importante na nossa formação.
Onde e como você conheceu os livros ?
Olha, a gente sempre é obrigada a ler alguns livros na escola. Uns bons outros muito ruins. Estes ruins me fizeram querer sempre ler coisas boas. Eu ficava morrendo de raiva a cada página, pois a leitura tem que envolver e eu me vendo obrigada a terminar aquele livro! E comecei a pesquisar livros de temas que me interessassem mais, me instigassem a procurar outros livros. E tive também a influência de minha família. Minha mãe adora poesias e meu irmão mais velho lê muito. Ah! E neste percurso também me apaixonei por quadrinhos. Alan Moore, Neil Gaiman, etc... Não posso dizer que conheço muito sobre o assunto, mas gosto de ler. Me envolvo.
Indique 3 autores que vc gosta de ler ?
Pepetela, Garcia Marquez e Karl Marx. Fernando Pessoa, Jack London, Clarice Lispector, Engels, Mauro Iasi, Marildo Menegat.... Poxa, só três não dá.
3 livros ?
Planeta Favela, Mike Davis; O Abusado, Caco Barcellos e Sr. Dos Anéis. Podem dizer o que quiserem, mas o cara teve a manha de descrever um mundo que não existisse se tornar real para quem lesse. Assim como o Trumam Capote teve a destreza de descrever assassinos, vítimas e isso tudo se misturando no livro A Sangue Frio. E gosto muito de ler poesias também.
Fale de onde você mora ?
Eu moro há uns três anos na Barra Funda, mas vim de Brasília e me orgulho de dizer que nasci em Recife. Muitos amigos riem de mim por isso, pois sai de lá com apenas três meses de idade... Mas Brasília foi meu lar. É uma relação de amor e ódio. Pois o fato de conhecer a história de sua construção, os trabalhadores que morreram, a arquitetura que separa as pessoas, ao mesmo tempo é uma cidade encantadora. Tenho muitas saudades das festas de Brasília como Da Bomb e Makossa. Dos meus amigos, dos churras, das cachoeiras.... Adoro viver ali, São Paulo, BF e tal, mas gosto de saber que me adapto à qualquer lugar. Quando viajo e fico alguns dias, fico super tranquila, mas não há lugar como o lar.
O que acha de livros que viram filme ?
Acho que sempre são insuficientes. E olha que eu acredito muito na linguagem do audiovisual, mas no caso de livros, os caras e as mulheres já tiveram que se esforçar pra mostrar pra quem tá lendo o cenário, o perfume, a textura, as cores, sem o artifício de mostrar. Só escrevendo. Impossível superar isso. Mas aproveitando, tem um filme que gosto muito e é baseado em quadrinhos que é o V de Vingança. É bem diferente, mas passou o recado. E fazer filme de quadrinhos também é bem diferente...
Porque o povo brasileiro lê pouco ?
Porque há uma parcela enorme analfabeta em nosso país. Não gosto de pensar que é por que não gosta. Ler é um hábito, deve ser cultivado. Em um país que o acesso à escola já é difícil... A primeira coisa a se fazer é alfabetizar. E tornar livros mais acessíveis, tanto em valores quanto em mais lugares para comprar, compartilhar leitura...
"Como é trabalhar nos bastidores do Hip Hop, como agente e assessoria de imprensa do grupo "A Familia"?
Eu gosto muito. A caminhada é cheia de desafios, aprendi muito, mas a cada passo sinto quem tenho tanto a aprender... E gosto ainda mais disso. O grupo nunca limitou a minha atuação com eles e eu acredito muito no trabalho realizado por este conjunto de pessoas, e sinto que faço parte disso, pois estou com eles desde o início da produção do Cantando com a Alma e envolvi eles em trampos diferentes também, como por exemplo, no MST.
Conhecimento (Livros e filmes) é o 5o elemento do Hip Hop, o que vc pensa sobre isso.
Acredito que conhecimento está em todos os elementos. E não que estes elementos sejam somente o break, grafitte, MC e Dj com o rap. Todos estes são expressões. Livros e filmes também. Só não gosto que algumas pessoas caiam de paraquedas e resolvam falar de um assunto que não sabem tão bem e acabam ganhando notoriedade. Se é pra fazer um filme, que a gente faça, se é para escrever um livro que a gente escreva. Tem um espaço aí para ser ocupado e deve ser ocupado com qualidade. Não adianta também fazer qualquer video, qualquer filme, qualquer rap, qualquer dança ou grafite. Não é porque a técnica fica ou ficou muito tempo servindo somente uma classe que a gente não pode se apropriar. Assim funciona com a tecnologia. Se o Hip Hop fez tanta coisa acontecer com uma mínima estrutura, agora tem que chegar batendo o pé na porta mesmo. Com elegância... É claro. Rsrsr.
Considerações finais.........
Muita Paz, Muito Amor! Trampo e lazer, que também é importante. Que a gente sempre se permita enxergar o mundo com um olhar crítico, mas com a esperança de que podemos mudá-lo. Não embrutecer nosso coração e nossas ações, mas sim nossa postura perante ao ruim que há no mundo.
Nada É Impossível De Mudar
Bertolt Brecht
Desconfiai do mais trivial ,
na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente:
não aceiteis o que é de hábito como coisa natural,
pois em tempo de desordem sangrenta,
de confusão organizada, de arbitrariedade consciente,
de humanidade desumanizada,
nada deve parecer natural nada deve parecer impossível de mudar.
Nessa entrevista exclusiva, vamos saber um pouco mais dessa guerreira que nasceu no Recife, cresceu em Brasília-DF e hoje vive em São Paulo
Por: Alessandro Buzo
Nina Fideles
Foto: Sérgio Vaz
Buzo: Quem é a Nina Fideles ?
Eu? Sou Nina Fideles, jornalista e fotográfa. Viajo no Brasil com os olhos de minhas lentes, captando imagens, registrando momentos, descobrindo o que há pra ser descoberto. Leio, e viajo mais ainda. Assisto, procuro... Não me escondo, entendo e agora me exponho... Exponho meu olhar sobre aquilo que descubro e por sua vez eu indico a vocês. Sou Nina Fideles. Prazer.
Buzo: Fale mais de vc?
Nina Fideles: Gosto de fazer mil coisas ao mesmo tempo. O que é muito ruim às vezes, pois me perco em meio à minhas idéias. Mas observar o mundo me motiva à ter ainda mais idéias e práticas. Todos nós fazemos a nossa leitura do mundo, mas poucos se apropriam desta leitura para traçar seus objetivos. Para mim, este é um desafio permanente. E acho importante sempre me perguntar o propósito disso tudo, o meu propósito.
O que é literatura pra você ?
A palavra é inerente à todo ser humano. Literatura é ordenar essas palavras, mas só que escritas, o que já exclui muita gente que não sabe ler nem escrever. Uma pena que as palavras escritas não sejam acessíveis por tod@s. E acredito que na escrita, cada um vai ter seu jeito, sua estética. Não podem existir padrões, mas para mim devem passar sentimento, textura, cor, cheiro... Sempre vale conhecer melhor as palavras, principalmente o que a gente pode fazer com elas. É mágico!
Porque virou colunista desse blog ?
Ah! Fui convidada né?! Kkk. Mas de verdade, é importante tomar os cantos da net, somar em empreitadas, realizar parcerias... Somando!
O que você faz no dia a dia ?
Me perco em minhas idéias! Não, brincadeira. Na verdade tento me achar nelas e é claro, concretizá-las. Minha busca maior é concretizar as idéias, minhas e de quem cola comigo nos trampos. E gosto de ter meu tempo livre. Acho importante que todos tenhamos um tempo livre. Ele também é super importante na nossa formação.
Onde e como você conheceu os livros ?
Olha, a gente sempre é obrigada a ler alguns livros na escola. Uns bons outros muito ruins. Estes ruins me fizeram querer sempre ler coisas boas. Eu ficava morrendo de raiva a cada página, pois a leitura tem que envolver e eu me vendo obrigada a terminar aquele livro! E comecei a pesquisar livros de temas que me interessassem mais, me instigassem a procurar outros livros. E tive também a influência de minha família. Minha mãe adora poesias e meu irmão mais velho lê muito. Ah! E neste percurso também me apaixonei por quadrinhos. Alan Moore, Neil Gaiman, etc... Não posso dizer que conheço muito sobre o assunto, mas gosto de ler. Me envolvo.
Indique 3 autores que vc gosta de ler ?
Pepetela, Garcia Marquez e Karl Marx. Fernando Pessoa, Jack London, Clarice Lispector, Engels, Mauro Iasi, Marildo Menegat.... Poxa, só três não dá.
3 livros ?
Planeta Favela, Mike Davis; O Abusado, Caco Barcellos e Sr. Dos Anéis. Podem dizer o que quiserem, mas o cara teve a manha de descrever um mundo que não existisse se tornar real para quem lesse. Assim como o Trumam Capote teve a destreza de descrever assassinos, vítimas e isso tudo se misturando no livro A Sangue Frio. E gosto muito de ler poesias também.
Fale de onde você mora ?
Eu moro há uns três anos na Barra Funda, mas vim de Brasília e me orgulho de dizer que nasci em Recife. Muitos amigos riem de mim por isso, pois sai de lá com apenas três meses de idade... Mas Brasília foi meu lar. É uma relação de amor e ódio. Pois o fato de conhecer a história de sua construção, os trabalhadores que morreram, a arquitetura que separa as pessoas, ao mesmo tempo é uma cidade encantadora. Tenho muitas saudades das festas de Brasília como Da Bomb e Makossa. Dos meus amigos, dos churras, das cachoeiras.... Adoro viver ali, São Paulo, BF e tal, mas gosto de saber que me adapto à qualquer lugar. Quando viajo e fico alguns dias, fico super tranquila, mas não há lugar como o lar.
O que acha de livros que viram filme ?
Acho que sempre são insuficientes. E olha que eu acredito muito na linguagem do audiovisual, mas no caso de livros, os caras e as mulheres já tiveram que se esforçar pra mostrar pra quem tá lendo o cenário, o perfume, a textura, as cores, sem o artifício de mostrar. Só escrevendo. Impossível superar isso. Mas aproveitando, tem um filme que gosto muito e é baseado em quadrinhos que é o V de Vingança. É bem diferente, mas passou o recado. E fazer filme de quadrinhos também é bem diferente...
Porque o povo brasileiro lê pouco ?
Porque há uma parcela enorme analfabeta em nosso país. Não gosto de pensar que é por que não gosta. Ler é um hábito, deve ser cultivado. Em um país que o acesso à escola já é difícil... A primeira coisa a se fazer é alfabetizar. E tornar livros mais acessíveis, tanto em valores quanto em mais lugares para comprar, compartilhar leitura...
"Como é trabalhar nos bastidores do Hip Hop, como agente e assessoria de imprensa do grupo "A Familia"?
Eu gosto muito. A caminhada é cheia de desafios, aprendi muito, mas a cada passo sinto quem tenho tanto a aprender... E gosto ainda mais disso. O grupo nunca limitou a minha atuação com eles e eu acredito muito no trabalho realizado por este conjunto de pessoas, e sinto que faço parte disso, pois estou com eles desde o início da produção do Cantando com a Alma e envolvi eles em trampos diferentes também, como por exemplo, no MST.
Conhecimento (Livros e filmes) é o 5o elemento do Hip Hop, o que vc pensa sobre isso.
Acredito que conhecimento está em todos os elementos. E não que estes elementos sejam somente o break, grafitte, MC e Dj com o rap. Todos estes são expressões. Livros e filmes também. Só não gosto que algumas pessoas caiam de paraquedas e resolvam falar de um assunto que não sabem tão bem e acabam ganhando notoriedade. Se é pra fazer um filme, que a gente faça, se é para escrever um livro que a gente escreva. Tem um espaço aí para ser ocupado e deve ser ocupado com qualidade. Não adianta também fazer qualquer video, qualquer filme, qualquer rap, qualquer dança ou grafite. Não é porque a técnica fica ou ficou muito tempo servindo somente uma classe que a gente não pode se apropriar. Assim funciona com a tecnologia. Se o Hip Hop fez tanta coisa acontecer com uma mínima estrutura, agora tem que chegar batendo o pé na porta mesmo. Com elegância... É claro. Rsrsr.
Considerações finais.........
Muita Paz, Muito Amor! Trampo e lazer, que também é importante. Que a gente sempre se permita enxergar o mundo com um olhar crítico, mas com a esperança de que podemos mudá-lo. Não embrutecer nosso coração e nossas ações, mas sim nossa postura perante ao ruim que há no mundo.
Nada É Impossível De Mudar
Bertolt Brecht
Desconfiai do mais trivial ,
na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente:
não aceiteis o que é de hábito como coisa natural,
pois em tempo de desordem sangrenta,
de confusão organizada, de arbitrariedade consciente,
de humanidade desumanizada,
nada deve parecer natural nada deve parecer impossível de mudar.
quarta-feira, 7 de abril de 2010
Entrevista exclusiva com Rincon Sapiência, direto da Cohab 1
Alessandro Buzo entrevista mais um MC da nova geração, direto da Cohab 1 ele chega com um clipe bem produzido, fazendo barulho.
Fomos saber mais sobre o "Rincon Sapiência", confira a seguir nessa entrevista exclusiva.......
Alessandro Buzo: Quem é Rincon Sapiência ?
Rincon Sapiência é poeta cantador, aprecidador da arte em geral, filho de um pai criado sem pai, de uma mãe criada na roça, na cidade de Marília interior de São Paulo. A parte da família da minha mãe, veio da Bahia até o interior de São Paulo, por conta da escassez de terra pra trabalhar, meu avô materno era carioca, minha avó paterna é mineira, enfim, sou ascendente de uma afro-miscigenação, já que em cada região do país predominava uma etnia africana, também tenho ascendentes claros e indígenas. Resumindo, isso é um pouco da minha camposição biológica, o resto é hiphop.
Buzo: Origem do nome artístico ?
Rincon Sapiência: Rincon surgiu como um apelido de quebrada, batizado por uns caras do bar da rua de onde morava, mas deixo claro que agora esse é meu nome, já o Sapiência surgiu naturalmente, tem aquela música do Cidade Negra que diz "Ah Sapiência...", tem um samba que agora não vou me lembrar que o cantor menciona a palavra sapiência, daí pesquisei mais a fundo o significado e ganhei que tem a ver com conhecimento, sabedoria, tem uma supertição que diz que quem nasce no dia 09/09 é dotado de sabedoria, tem aquela polêmica em relação ao quinto elemento do hiphop que Bambataa afirmou ser o conhecimento, também o fato de que todo compositor tem que ter conhecimento pra poder criar, enfim, além do fato de parecer ser um nome composto memo tipo: "Rincon Sapiência" soa como Roberto Carlos, Damião Experiença e por aí vai rsrs.
Buzo: A sua quebrada, Cohab 1 em Itaquera, é a mesma do Xís, algum contato com ele ? Fale do dia a dia de onde vc mora ?
Rincon Sapiência: O Xis é da Cohab 2 e por mais que a diferença seja de um número, a distância é um pouco grande entre uma quebrada e outra, fecho com alguns caras de lá como o Magnus 44, o Davi, o Guilherme Mandela da Quilombo HipHop, mas não tive ainda a oportunidade de conhecê-lo, mas posso dizer que foi o artista me fez engrenar no rap, se eu não tivesse um exemplo de artista de rap como ele talvez eu só escutaria rap, o loco é que o primeiro show que eu fiz na vida foi num evento do Xis, que a Trama estava organizando na praça do Morcegão de frente de onde eu morava, demos idéia nos caras, falamos que éramos da área e cantamos, foi bem antes do evento começar a encher, queria muito que ele estivesse pra me ver cantar, mas o Xis não estava lá na hora do show, mesmo assim já deu pra sentir a sensação de estar no palco.
Quanto ao dia a dia do bairro, como qualquer lugar da periferia a vulnerabilidade pra se envolver em besteiras é grande, na minha época de adolescente ainda tinham as quadras cheias, o rachão comia solto, a várzea, os contras, mas agora está um pouco diferente, algumas quadras sem reformas, poucos muleques pra jogar, gravidez precoce, consumo alto de drogas, e em vez de invistirem em cultura e lazer, estão reformando um postinho policial que agora será da Força Tática, então imagina... mas tirando isso, o bairro está visualmente muito bonito, rapaziada firmeza total, lindas damas, funk comendo solto, e agora com o lançamento do PromoTrampo Vol. 01 já estamos ouvindo a "Elegância" nos carros, ainda não tá o fervo que eu almejo, mas pretendo trampar muito mais pra que a música seja um hino do bairro, se depender de mim, o rap vai de encontro com as quebradas como antigamente.
Buzo: Nos fale do seu clipe "Elegância", que ta bombando na internet ?
Rincon Sapiência: O clip foi produzido pela produtora Porqueeu Conceito e Conteúdo, dirigido por Luiz Rodriguez que é meu parceiro de palco DJ Asma e também o Gabriel Braga, outro integrante da produtora. O vídeo já estava pronto desde o ano passado e pelo bom resultado sabíamos que o potencial era grande, esperamos o melhor momento para lançá-lo e acho que acertamos, foi ao ar em uma terça-feira dia 30/03 e hoje(dia 05/04) neste exato momento que respondo as perguntas soma 7.907 visualizações no YouTube. Estamos muito felizes com o resultado, aproveito para agradecer a todos que participaram da produção e figuração do clip, o sucesso é nosso!
Buzo: Existe esse lance de nova e velha escola ?
Rincon Sapiência: Existe sim, só não defendo o rótulo "rap nova escola", o lance é o rap e nada mais, porém considero que existe uma diferença no sentido de criação, não me prendo a um limite de criação pensando no que outras pessoas mais influentes podem achar, o tempo voa nego, hoje eu tenho acesso a internet, a recursos de produções que me possibilita experimentar várias coisas, se vier na minha mente uma idéia de fazer rap com tango, eu boto na internet e acho vários discos de Tango, pesquiso quem é quem, escuto e faço. Isso é só um exemplo(risos), mas o quero dizer, é que não fizeram isso antes porque não tiveram acesso, justamente por eu ser de uma nova escola é que surgiu a música "Elegância" por exemplo, acordes simples, um bumbo grave, melodia eletônica e repetitiva. O que procuro manter da velha escola é a essência do discurso, tiveram audácia pra falar "racistas otários nos deixem em paz...", "i daí, colé que é?... fogo na bomba...", "a elite me odeia, me chama de bandido e diz que mulher preta é feia..." entre outras idéias significantes, então acharia uma pena se esse tipo de discurso se perdesse no rap, mas tamo com um bonde legal chamado Audácia, que tem como foco preservar esse discurso e manter o bom entretenimento entre os ouvintes.
Buzo: Quem são suas referências musicais ?
Rincon Sapiência: Pra criar gosto da música brasileira, Gal Costa, Maria Bethânia, Gil, Di Mello, Eumir Deodato, Os Mutantes, Novos Bahianos, entre vários outros. O que mais gosto deles é o jeito que eles entram na música, muitas vezes o instrumental se parece com um groove norte americano porém eles não cantam com aquele vocal "chorado" da Soul Music, e isso é loco, é o que faço nas músicas, gravei um Crunk mas não cantei como eles, não quis falar de "Clubs" e dinheiro, a "Música Preta" é a mesma coisa, sampliei um berimbau e construí com timbres 808, tem aquele peso "Drop it like it´s hot" mas é totalmente Brasil.
Bebo muito do Reggae, do Dance Hall, Pancadão, Ska, Miame Bass, Kuduro, Rock, Samba Jazz, Samba Rock, pode esperar que muita coisa inusitada vem por aí, sem contar que adoro o rap comercial, sou fã de Ludacris, Lil Wayne, Jay Z, Nas, esse por exemplo é o "quadrado mágico" meus rappers preferidos.
Buzo: Um livro ?
Rincon Sapiência: Três livros vai(risos) "Os Segredos do Egito", "Os Situacionistas" também uma biografia do Mohammed Ali que agora me fugiu o nome, foi o segundo livro que li na vida, ilustradão, show de bola.
Buzo: Um filme ?
Rincon Sapiência: A Vida dos Outros, Fale Comigo(o último que me fez chorar), Raízes de uma Nova Geração. Três filmes também rs.
Buzo: Como vê o Hip Hop, está num bom momento ?
Rincon Sapiência: Está em um bom momento sim, mas me lembro que quando rolava a geração que agora é a "intermediária" entre a nova e a velha, ouvi muito dizer sobre o "próximo nível" o "hiphop inteligente" e mesmo assim muita coisa se perdeu, de fato conseguiram ocupar espaços que o rap tradicional não ocupava, e hoje colhemos esses frutos, porém, foi uma conquista abaixo das espectativas, pelo menos as minhas. Por isso, procuro manter sempre os pés no chão pra que nem eu nem outros artistas da minha geração caia nesse tipo de erro, quanto mais o tempo passa a responsa vai ficando maior, é foda essa transição de espectador pra contribuinte. Hoje mesmo estava na rua e no meio do caos do centro de São Paulo um muleque todo de ropa social(parecia estar trampando) me grito "Salve Sapiência!!". Cada vez mais percebo que a rapa está de olho em nós, que por sermos mais novos, teremos tempo pra construir uma grande parte da história do rap brasileiro.
Acredito que as gerações juntas farão esse bom momento se perpetuar por muito tempo.
Buzo: Considerações finais ....
Rincon Sapiência: Salve rapa, até pareço um tiozin falando mas é a real, vamo estuda, se não tem atores pretos na tela então seremos nós esses atores, se o filmes não nos representa, vamos estudar, dominar a arte e fazer nossa produção do nosso jeito, pra nós o esforço é dobrado, triplicado, mas pode pá que o retorno vai vir do mesmo jeito também, progresso pro gueto!! Abraço pros manos, beijo pras Maniquetes!
É NÓIS QUE TÁ NEGUIN(A)!!!
Clipe "Elegância"............Rincon Sapiência
Fomos saber mais sobre o "Rincon Sapiência", confira a seguir nessa entrevista exclusiva.......
Alessandro Buzo: Quem é Rincon Sapiência ?
Rincon Sapiência é poeta cantador, aprecidador da arte em geral, filho de um pai criado sem pai, de uma mãe criada na roça, na cidade de Marília interior de São Paulo. A parte da família da minha mãe, veio da Bahia até o interior de São Paulo, por conta da escassez de terra pra trabalhar, meu avô materno era carioca, minha avó paterna é mineira, enfim, sou ascendente de uma afro-miscigenação, já que em cada região do país predominava uma etnia africana, também tenho ascendentes claros e indígenas. Resumindo, isso é um pouco da minha camposição biológica, o resto é hiphop.
Buzo: Origem do nome artístico ?
Rincon Sapiência: Rincon surgiu como um apelido de quebrada, batizado por uns caras do bar da rua de onde morava, mas deixo claro que agora esse é meu nome, já o Sapiência surgiu naturalmente, tem aquela música do Cidade Negra que diz "Ah Sapiência...", tem um samba que agora não vou me lembrar que o cantor menciona a palavra sapiência, daí pesquisei mais a fundo o significado e ganhei que tem a ver com conhecimento, sabedoria, tem uma supertição que diz que quem nasce no dia 09/09 é dotado de sabedoria, tem aquela polêmica em relação ao quinto elemento do hiphop que Bambataa afirmou ser o conhecimento, também o fato de que todo compositor tem que ter conhecimento pra poder criar, enfim, além do fato de parecer ser um nome composto memo tipo: "Rincon Sapiência" soa como Roberto Carlos, Damião Experiença e por aí vai rsrs.
Buzo: A sua quebrada, Cohab 1 em Itaquera, é a mesma do Xís, algum contato com ele ? Fale do dia a dia de onde vc mora ?
Rincon Sapiência: O Xis é da Cohab 2 e por mais que a diferença seja de um número, a distância é um pouco grande entre uma quebrada e outra, fecho com alguns caras de lá como o Magnus 44, o Davi, o Guilherme Mandela da Quilombo HipHop, mas não tive ainda a oportunidade de conhecê-lo, mas posso dizer que foi o artista me fez engrenar no rap, se eu não tivesse um exemplo de artista de rap como ele talvez eu só escutaria rap, o loco é que o primeiro show que eu fiz na vida foi num evento do Xis, que a Trama estava organizando na praça do Morcegão de frente de onde eu morava, demos idéia nos caras, falamos que éramos da área e cantamos, foi bem antes do evento começar a encher, queria muito que ele estivesse pra me ver cantar, mas o Xis não estava lá na hora do show, mesmo assim já deu pra sentir a sensação de estar no palco.
Quanto ao dia a dia do bairro, como qualquer lugar da periferia a vulnerabilidade pra se envolver em besteiras é grande, na minha época de adolescente ainda tinham as quadras cheias, o rachão comia solto, a várzea, os contras, mas agora está um pouco diferente, algumas quadras sem reformas, poucos muleques pra jogar, gravidez precoce, consumo alto de drogas, e em vez de invistirem em cultura e lazer, estão reformando um postinho policial que agora será da Força Tática, então imagina... mas tirando isso, o bairro está visualmente muito bonito, rapaziada firmeza total, lindas damas, funk comendo solto, e agora com o lançamento do PromoTrampo Vol. 01 já estamos ouvindo a "Elegância" nos carros, ainda não tá o fervo que eu almejo, mas pretendo trampar muito mais pra que a música seja um hino do bairro, se depender de mim, o rap vai de encontro com as quebradas como antigamente.
Buzo: Nos fale do seu clipe "Elegância", que ta bombando na internet ?
Rincon Sapiência: O clip foi produzido pela produtora Porqueeu Conceito e Conteúdo, dirigido por Luiz Rodriguez que é meu parceiro de palco DJ Asma e também o Gabriel Braga, outro integrante da produtora. O vídeo já estava pronto desde o ano passado e pelo bom resultado sabíamos que o potencial era grande, esperamos o melhor momento para lançá-lo e acho que acertamos, foi ao ar em uma terça-feira dia 30/03 e hoje(dia 05/04) neste exato momento que respondo as perguntas soma 7.907 visualizações no YouTube. Estamos muito felizes com o resultado, aproveito para agradecer a todos que participaram da produção e figuração do clip, o sucesso é nosso!
Buzo: Existe esse lance de nova e velha escola ?
Rincon Sapiência: Existe sim, só não defendo o rótulo "rap nova escola", o lance é o rap e nada mais, porém considero que existe uma diferença no sentido de criação, não me prendo a um limite de criação pensando no que outras pessoas mais influentes podem achar, o tempo voa nego, hoje eu tenho acesso a internet, a recursos de produções que me possibilita experimentar várias coisas, se vier na minha mente uma idéia de fazer rap com tango, eu boto na internet e acho vários discos de Tango, pesquiso quem é quem, escuto e faço. Isso é só um exemplo(risos), mas o quero dizer, é que não fizeram isso antes porque não tiveram acesso, justamente por eu ser de uma nova escola é que surgiu a música "Elegância" por exemplo, acordes simples, um bumbo grave, melodia eletônica e repetitiva. O que procuro manter da velha escola é a essência do discurso, tiveram audácia pra falar "racistas otários nos deixem em paz...", "i daí, colé que é?... fogo na bomba...", "a elite me odeia, me chama de bandido e diz que mulher preta é feia..." entre outras idéias significantes, então acharia uma pena se esse tipo de discurso se perdesse no rap, mas tamo com um bonde legal chamado Audácia, que tem como foco preservar esse discurso e manter o bom entretenimento entre os ouvintes.
Buzo: Quem são suas referências musicais ?
Rincon Sapiência: Pra criar gosto da música brasileira, Gal Costa, Maria Bethânia, Gil, Di Mello, Eumir Deodato, Os Mutantes, Novos Bahianos, entre vários outros. O que mais gosto deles é o jeito que eles entram na música, muitas vezes o instrumental se parece com um groove norte americano porém eles não cantam com aquele vocal "chorado" da Soul Music, e isso é loco, é o que faço nas músicas, gravei um Crunk mas não cantei como eles, não quis falar de "Clubs" e dinheiro, a "Música Preta" é a mesma coisa, sampliei um berimbau e construí com timbres 808, tem aquele peso "Drop it like it´s hot" mas é totalmente Brasil.
Bebo muito do Reggae, do Dance Hall, Pancadão, Ska, Miame Bass, Kuduro, Rock, Samba Jazz, Samba Rock, pode esperar que muita coisa inusitada vem por aí, sem contar que adoro o rap comercial, sou fã de Ludacris, Lil Wayne, Jay Z, Nas, esse por exemplo é o "quadrado mágico" meus rappers preferidos.
Buzo: Um livro ?
Rincon Sapiência: Três livros vai(risos) "Os Segredos do Egito", "Os Situacionistas" também uma biografia do Mohammed Ali que agora me fugiu o nome, foi o segundo livro que li na vida, ilustradão, show de bola.
Buzo: Um filme ?
Rincon Sapiência: A Vida dos Outros, Fale Comigo(o último que me fez chorar), Raízes de uma Nova Geração. Três filmes também rs.
Buzo: Como vê o Hip Hop, está num bom momento ?
Rincon Sapiência: Está em um bom momento sim, mas me lembro que quando rolava a geração que agora é a "intermediária" entre a nova e a velha, ouvi muito dizer sobre o "próximo nível" o "hiphop inteligente" e mesmo assim muita coisa se perdeu, de fato conseguiram ocupar espaços que o rap tradicional não ocupava, e hoje colhemos esses frutos, porém, foi uma conquista abaixo das espectativas, pelo menos as minhas. Por isso, procuro manter sempre os pés no chão pra que nem eu nem outros artistas da minha geração caia nesse tipo de erro, quanto mais o tempo passa a responsa vai ficando maior, é foda essa transição de espectador pra contribuinte. Hoje mesmo estava na rua e no meio do caos do centro de São Paulo um muleque todo de ropa social(parecia estar trampando) me grito "Salve Sapiência!!". Cada vez mais percebo que a rapa está de olho em nós, que por sermos mais novos, teremos tempo pra construir uma grande parte da história do rap brasileiro.
Acredito que as gerações juntas farão esse bom momento se perpetuar por muito tempo.
Buzo: Considerações finais ....
Rincon Sapiência: Salve rapa, até pareço um tiozin falando mas é a real, vamo estuda, se não tem atores pretos na tela então seremos nós esses atores, se o filmes não nos representa, vamos estudar, dominar a arte e fazer nossa produção do nosso jeito, pra nós o esforço é dobrado, triplicado, mas pode pá que o retorno vai vir do mesmo jeito também, progresso pro gueto!! Abraço pros manos, beijo pras Maniquetes!
É NÓIS QUE TÁ NEGUIN(A)!!!
Clipe "Elegância"............Rincon Sapiência
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