sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Entrevista exclusiva com o CA.GE.BE.

Primeira de 2012 !!!





Fale do novo CD "O Vilarejo" ?
Viver aqui nas ruas do Jardim Peri nos credencia muito para dizer que, O vilarejo é o nosso lar. O disco nos oportunizou apresentar ao publico de lugares distintos do país um pouco das experiências vividas nas ruas da zona norte. Se aqueles que já ouviram o disco pudessem sentir o cheiro daqui acho que entenderiam ainda mais toda a energia que os versos tentam explicar.



O que o público do CA GE BE pode esperar desse albúm ?
Acredito que o publico em geral que se interessar em conhecer o disco pode tirar suas conclusões assim que ouvir. Nos somos otimistas e esperamos que o o albúm possa ser analisado e posteriormente criticado. Nossas emoções estão contidas em melodias e rimas que estruturaram o disco. Acho que a identificação das pessoas é a melhor resposta que podemos ter em relação ao disco.

O grupo é da zona norte de SP ? Jardim Pery.... fale da quebrada ?
Sim. Nascemos aqui na zona norte e o Jardim Peri é parte da nossa formação. Prezamos muito pela coletividade e as ruas da "quebrada" nos ensinaram a trabalhar juntos, pois se não fosse assim não teriamos sobrevivido à violência que também mora aqui. Nossa inspirações nasceram aqui dentro do "Jardim" onde as belas flores deveriam significar, pureza, alegria... mas infelizmente também representam tristeza, dor e etc. Mas ainda continuamos acreditando que em algum momento nossa vila ou jardim será mais belo do que hoje.

É no Jardim Pery que rola o CINESCADÃO ? Explica pra rapa sobre esse projeto ?
É o cinema e a musica RAP, que ao ar livre acontece no meio de uma escadaria aqui no morro. O cinema mais proximo fica lá no Shopping Center Norte, que por sinal é bem distante da favela. Esse foi um dos motivos que nos levou a criar o evento, que acontece uma vez por mês aqui no morro. A ideia do projeto também é apresentar aos mais novos o RAP que aos poucos percebemos que se vem se distanciando dos lugares mais pobres. Estamos tentando com isso reaproximar o rap contestador das pessoas (crianças e jovens) que talvez ainda não conheçam ou não entendam a proposta da cultura Hip Hop brasileira.

O que falta ? Pro projeto crescer e se manter ?
Nada. Estamos do jeito que queremos estar. Acho que as pequenas ações surtem efeitos incriveis, e assim temos a certeza que aos poucos estamos obtendo resultados com o trabalho. A base é a criança e é nela que depositamos esperança. Se cada um dos mc´s, dj´s, artistas de rua e etc.. fizerem sua parte com certeza teremos um melhor lugar pra viver e criar nossas "crias".

Mas são 4 anos na resistência, quem apoia ?
A comunidade ou 'favela' - sei como se fala hoje - é o nosso maior apoiador. Sem o apoio deles não fariamos nada e não teriamos como fazer. Também temos amigos e parceiros que nos fortaleceram e continuam fortalecendo nossa luta. Resistir é difícil e temos consciencia disso, mas a coletividade nos garante.

Hip Hop salva ?
A atitude salva. O hip hop é um dos caminhos. A educação teria que fazer esse papel, mas sabemos que isso é um sonho. O Brasil "peca" muito quando não investe como deveria na educação. O fracasso do sistema educacional nos envergonha muito. Crianças que frequentam a escola e estão no 5º, 6º ano e ainda sem alfabetização adequada, ou seja, não sabem ler e escrever. As pessoas precisam se posicionar contra essa situação. Acho que o hip hop precisar se posicionar e pressionar a sociedade e o poder público, temos força pra isso e precisamos entender melhor como fazer isso. O povo tem poder e precisa saber.

Como vê a cena atual do Rap Nacional ?
Ambígua. Forte de um lado e enfraquecida de outro. Nas ruas não estamos tão presentes, mas na outra ponta da régua - quero dizer nas festas noturnas em bairros da classe média - me parece que o RAP vem ganhando espaço. Acho que é válido essa migração momentânea, mas temos que continuar "gritando" nas vielas, cortiços, vilas... também. Perder o chão por causa de dinheiro é negar a formação e origem do RAP e principalmente do HIP HOP.

Vcs fazem o Hip Hop social, o que motiva o CA GE BE ?
Acho que qualquer coletividade é um ato social, e o hip hop não é diferente. O Cagebê só reforça o coro que vem sendo cantando e falado desde a década de 1980 pelos movimentos sociais que brigam por justiça e igualdade social. Viver com respeito e dignidade.

Considerações finais e contatos pra shows ?
Continuamos acreditando nas pessoas, por mais que as pessoas não acreditem nelas mesmas. Então façamos a nossa parte enquanto estivermos vivos. Os Gênios do Beco continuarão resistindo e denunciando. Nossas emoções revelam quem somos e o que queremos. Posso adiantar que, o que queremos ainda não conseguimos, mas já andamos varios passos e continuaremos andando enquanto estivermos respirando. O rap é o nosso pulso.


Cezar Sotaque, Shirlei Casa Verde, a filha deles e o Buzo

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