Entrevistamos com exclusividade um dos maiores nomes da "nova escola" do Rap Nacional, mas pra início de conversa nós quisemos saber o que proprio KAMAU, pensa disso, existe nova e velha escola ?
Com vcs.........Kamau, por Alessandro Buzo
Fotos: Luciana Faria/Divulgação
Kamau, o que pensa de história de nova e velha escola ?
K: Acredito que exista uma diferenciação natural no jeito de fazer rima de certas épocas. Mas não costumo dividir as escolas. Eu acompanho o rap desde 88 e comecei a fazer só em 97. Me espelho em pessoas que via na época e como rimavam na época de 88 e em pessoas que vejo agora. Acho que devemos sempre respeitar as raízes e os que não só abriram os caminhos mas também o pavimentaram pra que pudéssemos caminhar agora do jeito que melhor entendermos. E que possamos sempre saber o caminho de volta ao ponto de partida.
Como você começou rimar, quando disse que era isso que queria pra sua vida ?
K: Comecei a rimar em 97. Eu escutei rap por um bom tempo e, graças à proximidade com KL Jay, sempre observei de perto os bastidores desse universo musical. Então quando comecei eu já levava a sério, mas não era prioridade. À partir do momento que o disco do Consequência saiu em agosto de 2002, não pensei em outra coisa a não ser fazer o melhor possível pelo que acredito. E minha música é o que eu acredito.
Nos fale do seu CD, como viu a repercussão dele ?
K: Foi maior do que eu esperava mas ao mesmo tempo me senti devidamente preparado para o que aconteceu. Não me deslumbrei com nada a ponto de mudar de idéia ou de postura. E ainda acho que mais coisas poderiam acontecer se eu tivesse uma melhor estrutura de trabalho. Fico feliz em ver que ainda falam sobre meu álbum numa época em que as músicas são para "efeito imediato" e somem tão rápido quanto apareceram. E mais ainda com a tarefa de se sobressair em meio ao volume de música "lançada" a cada dia. Isso me motiva a trabalhar melhor a cada dia e, mais importante ainda, à minha maneira.
Hoje as pessoas baixam música, CD virou um cartão de visitas ?
K: Os pontos de vista variam. Ver meu álbum em CD foi um sonho realizado com a melhor qualidade que pude. Me esforcei para oferecer o melhor possível em termos de música, e no CD como produto para que meu investimento retornasse às minhas mãos e para que eu possa continuar investindo na música que acredito.
Tem feitos muitos shows, inclusive fora de SP, como vê o momento atual da sua carreira ?
K: Me vejo no melhor momento da minha carreira. Agora posso fazer shows com uma estrutura mínima para proporcionar bons motivos pras pessoas saírem de casa e querer assistir. Eu sempre me coloco como fã pois foi isso que me trouxe até a música em primeiro lugar. Sempre penso se o show vai ser cansativo, repetitivo, se já fui ao lugar e como foi o último show por lá.
Ainda há muitos lugares pelo Brasil onde eu gostaria de me apresentar e conversar com as pessoas. Espero concretizar essa vontade e fortalecer cada vez mais a corrente pela música boa.
O que vem por ai, planos para 2010......
K: Ainda não tenho planos devidamente estruturados. Mas quero lançar mais videoclipes do Non Ducor Duco e traduzir em imagens mais algumas rimas que tenho em mente. E mais algumas outras coisas que ainda não tem data mas estão sendo trabalhadas. Avisarei, onde e como puder, assim que tudo estiver mais concreto.
O que vc curte em casa, musicalmente falando.....
K: Eu ouvia 90% rap. Agora eu diminui pra 74,52% (mente matemática...) a proporção de rap e tenho escutado bastante jazz, algumas coisas de MPB e rock progressivo e outras coisas que eu já costumava ouvir. Tanto para pesquisa quanto para alguns momentos do dia e da vida. E tenho dividido o palco com vários artistas que muito me agregaram musicalmente. Kiko Dinucci, Mão de Oito e Marcela Bellas são alguns nomes que posso dizer agora que tem trabalhos muito bons na rua e são, de certa forma, diferentes na estética sonora. Ellen Oléria também é uma outra cantora com quem eu gostaria de dividir o palco e alguma composição futuramente.
Um filme ou mais de um que gosta muito ?
K: A trilogia do Homem-Aranha (um grande poder requer grande responsabilidade), Malcolm X, Love Jones, Faça a Coisa Certa, Duro Aprendizado
Um Livro ?
K: Biografia de Tim Maia, Malcolm X e Negras Raízes.
O que te deixa feliz ? O que te deixa puto da vida e considerações finais...........
K: Bons momentos me deixam feliz. Música boa me deixa feliz. Felicidade alheia me deixa feliz. Uma das coisas que me alegrou bastante esses dias foi o nascimento da filha do meu irmão Emicida. E fazer boas apresentações e boas composições me deixa muito feliz também, pois mostra eu que estou no caminho certo.
Não sou de ficar puto não. Quem me conhece, sabe. Mas me incomoda a necessidade de "definições científicas" que as pessoas tem sobre a arte e seus autores. Me soa bem paradoxo querer colocar na gaveta certa nossa liberdade de expressão.
Pra finalizar:
K: Fortaleçam a forma de arte em que vocês acreditam para que ela se perpetue por várias gerações.
Consumam, façam de coração, criem, divulguem, sintam, vivam. Não é muito pra se pedir mas, com certeza, é uma grande contribuição.
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Mantendo a raiz desde ontem!
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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
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